Empresas contratam pelo QI e demitem pelo QE, o quociente emocional

Uma reflexão sobre a importância de trabalhar a saúde mental dentro das empresas e sensibilizar gestores e funcionários para desafios nesse contexto

Sabemos de longa data que o aspecto intelectual é fundamental no mercado de trabalho. Porém, muitas vezes o quociente emocional, isto é, nossa capacidade de lidar com as nossas emoções e as dos outros, é o que leva a dificuldades nas jornadas profissionais.

Falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho é um fenômeno recente e ainda cercado de tabus. Felizmente, as empresas vêm se abrindo, estimulando conversas sobre o assunto e valorizando aquelas habilidades que favorecem rotinas mais saudáveis da perspectiva emocional.

Tudo isso, claro, também repercute positivamente nos indivíduos e em seus relacionamentos fora do emprego.

Quebrar o estigma sobre o tema é essencial para lidar com os números alarmantes de transtornos mentais que afetam a vida e a carreira de tantas pessoas em nosso país. Atualmente, o Brasil é a nação com maior prevalência de ansiedade no mundo. Ela atinge quase 10% da nossa população.

E ainda temos os efeitos da pandemia na saúde mental dos brasileiros. De acordo com estudo encomendado pelo Fórum Econômico Mundial ao Instituto Ipsos em 2021, 53% dos respondentes declararam que seu bem-estar piorou um pouco ou muito no último ano.

Com dados tão contundentes, é raro que uma empresa não tenha que encarar situações relacionadas à saúde mental dos colaboradores. Entretanto, não é incomum que o sofrimento emocional passe despercebido e um funcionário seja desligado por sintomas que impactaram seu trabalho.

É o caso de queda na produtividade, dificuldade para tomar decisões, impaciência, irritabilidade, agressividade, atrasos e faltas frequentes, entre outros.

Sendo o trabalho um ambiente em que as pessoas passam a maior parte dos seus dias, torna-se um espaço propício para a identificação e a prevenção de problemas de saúde mental. Ao sensibilizar as pessoas para que consigam reconhecer seu próprio estado emocional e tenham orientação do que fazer quando não se sentem bem, elas ganham consciência da importância do autocuidado e, se necessário, da necessidade de procurar ajuda profissional.

Hoje, ao oferecer benefícios de saúde a seus funcionários, as empresas não podem ignorar o aspecto mental. As soluções para o desafio atual perpassam ações que devem ser integradas entre diversos atores e departamentos. Desde a capacitação dos líderes para identificar, acolher e orientar um colaborador em sofrimento emocional até a oferta de serviços de qualidade para o tratamento de condições como ansiedade e depressão.

Precisamos refletir sobre como estamos conduzindo a saúde mental e as pessoas que vivenciam problemas nesse sentido dentro das empresas. Esse é um assunto de todos, não apenas da equipe de RH, também composta de pessoas sujeitas a enfrentar esses mesmos desafios. O quociente emocional tem de ser mais valorizado, uma vez que coloca em jogo a saúde dos colaboradores e a da própria empresa.

Fonte: Saúde Abril